domingo, 28 de fevereiro de 2016


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Revolutionary new solar power plant generates energy all day and all night

http://inhabitat.com/revolutionary-new-solar-plant-generates-power-all-day-and-all-night/

sábado, 20 de fevereiro de 2016

domingo, 14 de fevereiro de 2016

A capacidade instalada no Brasil, levando em conta todos os tipos de usinas que produzem energia elétrica, é da ordem de 132 gigawatts (GW). Deste total menos de 0,0008% é produzida com sistemas solares fotovoltaicos (transformam diretamente a luz do Sol em energia elétrica). Só este dado nos faz refletir sobre as causas que levam nosso país a tão baixa utilização desta fonte energética tão abundante, e com características únicas.

O Brasil é um dos poucos países no mundo, que recebe uma insolação (numero de horas de brilho do Sol) superior a 3000 horas por ano. E na região Nordeste conta com uma incidência média diária entre 4,5 a 6 kWh. Por si só estes números colocam o pais em destaque no que se refere ao potencial solar.

Diante desta abundância, por que persistimos em negar tão grande potencial? Por dezenas de anos, os gestores do sistema elétrico (praticamente os mesmos) insistiram na tecla de que a fonte solar é cara, portanto inviável economicamente, quando comparadas com as tradicionais.

Até a “Velhinha de Taubaté” (personagem do magistral Luis Fernando Veríssimo), que ficou conhecida nacionalmente por ser a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo militar, sabe que o preço e a viabilidade de uma dada fonte energética dependem muito da implementação de políticas públicas, de incentivos, de crédito com baixos juros, de redução de impostos. Enfim, de vontade política para fazer acontecer.

O que precisa ser dito claramente para entender o porquê da baixa utilização da energia solar fotovoltaica no país é que ela não tem apoio, estímulo nem neste, nem nos governos passados. A política energética na área da geração simplesmente relega esta fonte energética. Por isso, em pleno século XXI, a contribuição da eletricidade solar na matriz elétrica brasileira é pífia, praticamente inexiste.

A realização recente de dois leilões exclusivos para esta fonte energética deixou claro que não basta simplesmente realizar o pregão é necessário que o preço final seja competitivo para garantir a viabilidade das instalações. O primeiro leilão realizado a nível nacional, em outubro de 2014, resultou na contratação de 890 MW, e o valor final atingiu R$ 215,12 / MWh. O segundo, realizado em agosto de 2015, terminou com a contratação de 833,80 MW, a um valor médio de R$ 301,79 / MWh. Ainda em 2015, em novembro próximo será realizado um terceiro leilão especifico para a fonte solar.

Por outro lado, a geração descentralizada — aquela gerada pelos sistemas instalados nos telhados das residências — praticamente não recebe nenhum apoio e consideração governamental. Apesar do enorme interesse que desperta, segundo pesquisas de opinião realizadas.

Em janeiro de 2013, a Norma Resolutiva 482/2012, da Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estabeleceu regras para a micro (até 100 kW) e a mini geração (entre 100 kW e 1.000 kW). Permitiu, em tese, que consumidores possam gerar sua própria energia, e trocar o excedente por créditos, que dão desconto em futuras contas de luz. Mas não alavancou o uso desta fonte energética. Os dados estão ai.

Segundo a própria Aneel, o numero de sistemas deste tipo implantados passou de 8 (de janeiro a março de 2013) para 725 (entre abril e junho de 2015). Deste total, 681 são sistemas fotovoltaicos, 4 biogás, 1 biomassa, 11 solar/eólica, 1 hidráulico e 27 eólicos. São números insignificantes quando comparados, por exemplo, com a Alemanha — que dispõe de mais de um milhão de sistemas instalados nos telhados das residências.

Fica evidente que persistem obstáculos para uma maior participação da eletricidade solar na matriz elétrica. Para transpor os obstáculos, são necessárias políticas públicas voltadas ao incentivo da energia solar. Por exemplo: a criação, pelos bancos oficiais, de linhas de credito para financiamento com juros baixos; a redução de impostos tanto para os equipamentos como para a energia gerada; a possibilidade de utilizar o FGTS para a compra dos equipamentos e mais informação através de propaganda institucional sobre os benefícios e as vantagens da tecnologia solar.

Mas o que também dificulta enormemente a geração descentralizada é a atitude das distribuidoras de energia — que administram todo o processo, desde a análise do projeto inicial de engenharia até a conexão à rede elétrica. Cabe a elas efetuarem a ligação na rede elétrica, depois de um burocrático e longo processo administrativo realizado pelo consumidor junto à companhia.

E convenhamos, aquelas empresas que negociam com energia (compram das geradoras e revendem aos consumidores) não estão nada interessadas em promover um negócio que, mais cedo ou mais tarde, afetará seus lucros. Isto porque o grande sonho do consumidor brasileiro é ficar livre, não depender das distribuidoras com relação à energia que consome. O consumidor deseja é gerar sua própria energia.

Aí está o “nó” do problema que o governo não quer enfrentar. O lobby das empresas concessionárias, 100% privadas, dificulta o processo através de uma burocracia infernal, que nem todos que querem instalar um sistema solar estão dispostos a enfrentar. Enquanto que em dois dias você instala os equipamentos na sua residência, tem que aguardar quatro meses para estar conectado na rede elétrica.

O diagnóstico dos problemas encontrados é quase unânime. Só não “enxerga” quem não quer. E não “enxergando”, os obstáculos não serão suplantados. Assim o país continuará patinando, mergulhado em um discurso governamental completamente deslocado da realidade.

Acordem “ilustres planejadores” da política energética, pois a sociedade não aceita mais pagar pelos erros cometidos por “vossas excelências”. Exige-se mais democracia, mais participação, mais transparência em um setor estratégico, que insiste em não discutir com a sociedade as decisões que toma.

Fonte: Revista Carta Capital

Veja Link no próximo slide.....

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A BARATA GIGANTE DO CALATRAVA


j. p. cuenca
É escritor. Foi selecionado em 2012 pela revista britânica 'Granta' como um dos 20 romancistas brasileiros mais promissores com
menos de 40 anos. Escreve às terças e sextas.

A barata branca do Calatrava e o passado




Do histórico edifício do jornal "A Noite", na praça Mauá, até o recém-inaugurado Museu do Amanhã, há um descampado que em qualquer cidade tropical do mundo deveria ser coberto por grama. Mas a praça no Brasil e no Rio hoje não é para estar, e nossos urbanistas de inspiração soviética meteram 11 mil metros quadrados de granito por ali, para ferver ao sol ou empoçar na chuva. Nos cantos e de forma discreta, espalharam alguns banquinhos, canteirinhos e árvores esparsas, mas nada que altere o panorama de praça-mausoléu, especialmente na porção central. Os próprios projetistas chamam o minúsculo jardim mais próximo à baía de Guanabara de "pequeno oásis". É uma piada: com grama e sombra, a praça inteira poderia ser um.

Até porque este forno a céu aberto abre caminho à outra aberração, projetada pela estrela espanhola Santiago Calatrava. O sonho banguela do Rio como Barcelona tropical em tempos olímpicos chega ali pelo projeto de um arquiteto severamente questionado em sua terra natal, mas ainda assim responsável –sem nenhuma discussão com arquitetos e contribuintes brasileiros– por plantar numa das áreas mais simbólicas do nosso país um gigantesco fóssil de inseto que poderia estar num caderno de esboços do H.G. Giger. É uma catedral-bibelô tão decorativa quanto o museu que abriga, não havendo nada na sua estrutura que sugira qualquer contexto ou diálogo com a cidade ao redor.
"Parece um óvni", é o que se escuta o tempo todo dos financiadores da obra, os brasileiros que caminham por ali. O comentário é mais esperto do que parece: é um óvni. Que aterrissou ali como poderia tê-lo feito em qualquer outro lugar do mundo. Pouco importa onde estamos, afinal, trata-se de um genérico que ultrapassa a geografia. É sintomático que a barata branca, no entanto, estabeleça forte diálogo com uma única outra construção do entorno: um navio Costa Concórdia, atracado no porto ao lado.

Museu do amanhã

Próxima
Felizmente, o navio vai embora depois do Ano Novo. Infelizmente, ainda teremos que conviver com a barata branca por mais tempo. Depois que os mafiosos que a colocaram ali forem presos ou desaparecerem, ela seguirá nos assombrando.
Ao que tudo indica, esta convivência será cara não apenas aos nossos olhos. Pelo mundo, as obras de Calatrava são famosas por parecer esqueletos de peixes, por romper prazos e orçamentos, e por dar problemas durante anos. Aqui, o Museu do Amanhã foi inaugurado há duas semanas e já se vê manchas na sua estrutura. Em vários pontos, o branco-navio já está amarelado ou escurecido. O jardim em muitos pontos é um lamaçal. Mas o pior é o estado do espelho-d'água ao redor do prédio. Ele teria "água cristalina" alimentada e limpa por um complexo sistema de filtragem e captação como "uma forma de mostrar aos jovens que a baía de Guanabara pode, sim, ficar completamente limpa um dia". O museu mal abriu e a água está imunda e parada. "Taí o legado olímpico: uma piscina olímpica de Aedes Aegypti", ouvi alguém dizer, incrédulo.
Ainda mais grave e questionável que tudo isso é a decisão de construir um museu alienígena sobre um genérico "amanhã" justamente na zona portuária, por onde entraram os milhões de africanos que fizeram do Rio de Janeiro o maior entreposto de escravos do planeta Terra entre os séculos 18 e 19. Milhares deles, aliás, ainda enterrados por ali mesmo: obras na região costumam revelar importantes descobertas de ossadas.
Uma rápida caminhada do "amanhã" até o cais do Valongo, na Gamboa, o maior porto escravagista da história, mostra o espetacular descaso com o qual a tratamos. Um descaso que nos imobiliza: não há possibilidade de amanhã se não reconhecermos nosso passado. Enfiar goela abaixo da cidade um museu de "terceira geração" num lugar tão simbólico para nosso passado escravocrata enquanto tratamos descobertas arqueológicas como lixo é reforçar o apagamento, é aterrar nossa história mais uma vez –exatamente como fez Pereira Passos por ali, aliás.
Um museu desse porte na área do porto só poderia ser um grande memorial sobre a escravidão –ou construído apenas depois desse museu, o que mais precisamos.
No mesmo dia, para vencer o desespero, fui dali ao cortejo de fim de ano do Cordão do Prata Preta, onde o samba resiste: longe dos criminosos da prefeitura, da Liesa e da TV. Quando estávamos descendo a ladeira do Livramento, onde Machado de Assis nasceu e onde sua casa hoje é um cortiço sem lembrança, a bebedeira me ofereceu uma visão quando um poste subitamente apagou: o filme Poltergeist.
É claro: a herança de seguir construindo e vivendo sobre este gigantesco cemitério sem nenhum respeito sobre seu passado só pode ser uma pesada maldição. A barata branca do Calatrava cairá, arrastada pelo passado, junto a seus cretinos idealizadores. No amanhã sugerido pelo nome do museu, sua construção despertará fantasmas: precisamos deles mais do que nunca. 

Fonte: Folha de São Paulo,
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopaulocuenca/2016/01/1724974-a-barata-branca-do-calatrava-e-o-passado.shtml